As comunidades paroquiais de Aboim, Pedraído, Felgueiras, Gontim e Revelhe estão revoltadas com o afastamento do padre Manuel Torre e manifestaram-se esta manhã em defesa da sua permanência nestas paróquias do concelho de Fafe.
“Queremos o nosso padre, queremos o nosso padre”, foram as palavras de ordem com que os paroquianos receberam o Bispo Auxiliar de Braga, D. Nuno Almeida, que veio apelar à serenidade e compreensão dos fiéis.
Acompanhado pelo padre Manuel Torre, garantiu que este ficará algum tempo afastado, a partir de agosto, para recuperar de problemas de saúde, e que assim que tiver condições regressa às comunidades.
“Querendo e tendo saúde é o vosso pároco pelos anos que forem precisos”, afirmou, perante o povo que exigiu explicações e garantias da sua continuidade.
Em Aboim e na Lagoa, as igrejas abriram, mas a população não entrou, boicotando as missas que ali seriam concelebradas por D. Nuno Almeida.
Já em Revelhe, a receção contou com os mesmos protestos, mas a eucaristia acabaria por ser celebrada, com a presença de alguns fiéis.
Antes da celebração, o padre Manuel Torre dirigiu-se aos paroquianos com a leitura de uma carta, onde explica que em nenhum momento pediu para sair, mas irá interromper o trabalho pastoral paroquial após aconselhamento dos seus superiores, para poder recuperar a saúde.
“Passo por uma situação de saúde de maior desgaste emocional. Não aquilo que fizeram crer que fosse o meu problema de saúde. De modo nenhum esse é o meu problema de saúde, os meus paroquianos são bem testemunhas disso”, afirmou, lamentando as “acusações infundadas” de que diz ter sido alvo, relativas a consumo excessivo de álcool e relacionamento amoroso.
“Fui alvo de calúnias e difamações que não são verdade, os meus paroquianos são bem testemunhas da minha entrega e dedicação sacerdotal. Isso foi o que mais me feriu”, declarou, aos jornalistas.
O padre, de 27 anos, que desde setembro é responsável por aquelas paróquias, apelou à comunhão e união da comunidade, que, considera, tem passado nos últimos anos “por bastantes problemas e atritos pela falta de estabilidade que as sucessivas e reiteradas mudanças de pároco têm trazido”.
“Não fui eu que aleguei problemas de saúde, nem pedi para sair, mas a Igreja assim percebeu que pudesse estar a passar por algum problema de saúde e chamou-me a si e convidou-me a fazer um período de pausa para me restabelecer na minha saúde. Mas eu sinto-me bem cá, é cá que quero continuar e é por isso que me quero restabelecer”, concluiu.
Os fiéis colocam-se do lado do pároco, avisam que não querem nenhum substituto e alertam D. Nuno Almeida: de cada vez que muda o padre há mais pessoas a afastarem-se da Igreja.
Com a colaboração de Ivo Borges.