Não é recente a marcha da descristianização na “velha” Europa. As últimas décadas do século XX, sobretudo desde 1968, aceleraram o processo da secularização e a voracidade desse ímpeto não abrandou com o novo milénio. A meu ver, antes pelo contrário.
Os sinais são muitos e a as causas diversas. Não quero, nem interessa aqui, entrar nessa abordagem. Apenas quero anotar, com o espírito da denúncia profética, a indiscutível tentativa ideológica de varrer as raízes cristãs inerentes ao projeto designado União Europeia, ao ponto de se propor a “eutanásia do Natal”.
É verdade, infelizmente! Devo dizer que, entre tantas tentativas ocorridas para esvaziar da relevância dos valores cristãos a sociedade europeia, estaria longe do meu pensamento e (creio eu) de tantas outras pessoas, que viesse a ser possível (imagine-se) pedir a abolição ou eliminação do Natal. E nem que fosse “apenas” a substituição da designação, em nome duma pretensa igualdade ou inclusão que, afinal só traz intolerância, diminuiria o meu estupor.
Passo a enquadrar num instante já que a questão é recente, mas foi amplamente notada na comunicação social e, felizmente, não teve pernas para andar, após um imenso coro de acertadas críticas. Contudo, deve ser notada e não passar despercebida, pois, infelizmente o risco continua, já que a dita proposta, segundo os proponentes, foi retirada para ser trabalhada.
Pode resumir-se assim o episódio a que me refiro: Helena Dalli, Comissária Europeia para a Igualdade, elaborou um documento para nortear as comunicações internas da União Europeia que sugeria, entre outros absurdos, que fosse abolida a palavra “Natal” porque nem todas as religiões celebram essa festividade, dando lugar à designação “períodos de festas” ou “períodos de férias”. Não ficava por aqui o documento chegando mesmo a dizer que os nomes Maria e José eram muito cristãos e pouco internacionais e, como tal, com deficiente representatividade, propondo a sua substituição por “Malika” e “Júlio”.
Ora, depois disto, creio que não podemos baixar a guarda na defesa do Natal! Precisamos de fazer algo para contrapor a esta pretensa cultura que quer “eutanasiar” o Natal a cultura do “gestar” o Natal. Face à cultura da morte e da intolerância face aos valores cristãos precisamos da audácia do testemunho. Sim, nós, os cristãos, temos o dever de, frente à clara tentativa da eliminação do Natal, promover a gestação do Natal, tal como nos sugeriu a caminhada que, ao longo de quatro semanas, nos preparou para celebrar o Nascimento do Menino Jesus.
A nós não nos pode bastar as “boas festas” ou muito menos as “boas férias”. A nós não nos pode bastar nada menos que dizer ao mundo, alto e bom som, talvez agora mais que nunca, que Natal é Jesus, e será sempre Jesus. E que na vida pequenina e pobre nascida num rincão perdido de Belém se encontrou Luz, Salvação e Vida para o mundo inteiro. Sim, o Natal é Vida. Viva o Natal! Santo Natal!
Mensagem de Natal do Pe. José António Carneiro.